Atividade de interpretação de texto para o 7º ano, 8º ano ou 9º ano.
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Leia o texto para responder às questões 1 – 10:
VIVER PARA CONTAR
Até a adolescência, a memória tem mais interesse no futuro que no passado, e por isso minhas lembranças da cidadezinha ainda não estavam idealizadas pela nostalgia. Eu me lembrava de como ela era: um bom lugar para se viver, onde todo mundo conhecia todo mundo, na beira de um rio de águas diáfanas que se precipitavam num leito de pedras polidas, brancas e enormes como ovos pré-históricos.
Ao entardecer, sobretudo em dezembro, quando passavam as chuvas e o ar tornava-se de diamante, a Serra Nevada de Santa Marta parecia aproximar-se com seus picos brancos até as plantações de banana, lá na margem oposta. Dali dava para ver os índios aruhacos correndo feito formiguinhas enfileiradas pelos parapeitos da serra. Nós, meninos, tínhamos então a ilusão de fazer bolas com as neves perpétuas e brincar de guerra nas ruas abrasadoras. Pois o calor era tão inverossímil, sobretudo durante a sesta, que os adultos se queixavam dele como se fosse uma surpresa a cada dia.
Desde o meu nascimento ouvi repetir, sem descanso, que as vias do trem de ferro e os acampamentos foram construídos de noite, porque de dia era impossível pegar nas ferramentas aquecidas pelo sol.
Nem minha mãe nem eu, é claro, teríamos podido nem mesmo imaginar que aquele simples passeio de dois únicos dias seria tão determinante para mim que nem a mais longa e diligente de todas as vidas não me bastaria para acabar de contá-lo. Agora, com mais de setenta e cinco anos bem pesados, sei que foi a decisão mais importante de todas as que tive que tomar na minha carreira de escritor. Até conseguir isso, minha vida esteve sempre perturbada por um emaranhado de armadilhas, artimanhas e ilusões para burlar as incontáveis iscas que tentavam me converter em qualquer coisa que não fosse escritor.
Gabriel García Marquez, 2003.
(Adaptado por Tudo Sala de Aula, 2021)
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1. O texto tem a finalidade de
a) fazer uma análise crítica das situações do cotidiano.
b) relatar uma lembrança do passado vivida pelo narrador.
c) expor um posicionamento sobre um determinado assunto.
d) informar fatos relevantes do dia a dia para a sociedade.
2. Qual a tipologia do texto “Viver para contar”?
a) Descritivo.
b) Injuntivo.
c) Expositivo.
d) Narrativo.
3. Segundo o texto, o autor revela
a) tristeza por um tempo que viveu na infância com muita dificuldade.
b) não ter boas lembranças vividas no interior de uma cidadezinha.
c) suas boas lembranças vividas em uma cidade durante um passeio.
b) sentimentos perturbadores que foram importantes para se tornar escritor.
4. Observando o narrador do texto, é possível concluir que ele:
a) participa da história, mas não conta.
b) conta, mas não participa da história.
c) conta e participa da história.
d) apenas observa os fatos, mas não participa.
5. A palavra “cidade”, no trecho: “… minhas lembranças da cidadezinha ainda não estavam…”, foi escrita pelo autor no diminutivo para expressar:
a) Ironia
b) Afetividade
c) Desprezo
d) Indignação
6. No trecho “Eu me lembrava de como ela era…”, o pronome “ela” refere-se a:
a) Cidadezinha.
b) Memória.
c) Lembranças.
d) Adolescência
7. No trecho: “Eu me lembrava de como ela era: um bom lugar para se viver, onde todo mundo conhecia todo mundo”, o termo “onde” introduz uma circunstância de
a) Modo
b) Tempo
c) Finalidade
d) Lugar
8. A palavra “sesta”, no segundo parágrafo, significa:
a) um dia da semana.
b) um momento de descanso.
c) um dia de muito trabalho.
d) um período de colheita.
9. No trecho: “Ao entardecer, sobretudo em dezembro, quando passavam as chuvas e o ar tornava-se de diamante…”, a palavra destacada introduz uma ideia de:
a) oposição.
b) finalidade.
c) concessão.
d) tempo.
10. Segundo o texto,
a) o calor incomodava as pessoas e era visto como algo inacreditável.
b) os principais moradores da serra eram os índios aruhacos.
c) o trem só passava de noite, pois de dia era impossível devido ao calor.
d) as crianças acreditavam na existência de uma guerra na serra.
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