O site Tudo Sala de Aula preparou uma atividade de leitura, interpretação e compreensão textual sobre uma crônica de Moacyr Scliar: “Cartas e Crateras”, destinada aos alunos do 8° e 9° ano. Através desta publicação, apresentaremos um material alinhado aos descritores do Saeb e com gabarito, para auxiliar os estudantes no desenvolvimento de habilidades importantes. Através dela, esperamos despertar o interesse dos alunos pela leitura e pela obra de Scliar, um dos grandes nomes da literatura brasileira.
Planejamento para o professor
Objeto do conhecimento: Crônica de Moacyr Scliar.
Objetivo da Aula: Analisar o papel dos elementos que compõem a crônica.
Habilidade da BNCC: (EF89LP35) Criar contos ou crônicas (em especial, líricas), crônicas visuais, minicontos, narrativas de aventura e de ficção científica, dentre outros, com temáticas próprias ao gênero, usando os conhecimentos sobre os constituintes estruturais e recursos expressivos típicos dos gêneros narrativos pretendidos, e, no caso de produção em grupo, ferramentas de escrita colaborativa.
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Leia o texto e responda.
SOBRE CARTAS E CRATERAS
Ela deu-se conta do erro que cometera: de fato, as cartas eram muito importantes para ele, sempre falava nelas.
O que você salvaria se sua casa fosse desabar? Em situações emergenciais o paulistano geralmente tenta salvar documentos, dinheiro, joias, roupas e fotos. A vida é sempre o valor maior e sua manutenção, motivo de alívio. Diz Andreza de Souza, 23, moradora da rua Capri: “Eu queria pegar umas calcinhas, mas fiquei com vergonha do funcionário da Defesa Civil que me acompanhava. Ele me deu somente dois minutos, e só tinha tempo para levar minha escova de dentes, um edredom, duas calças jeans e uma blusa”.
– O que é que você levaria, se tivesse de abandonar sua casa às pressas? – perguntou o rapaz à namorada, depois de ler-lhe a notícia publicada na Folha.
Ela pensou um pouco.
– Acho que levaria a mesma coisa que esta moça: escova de dentes, edredom, calças jeans, blusa… E calcinha: eu não teria vergonha do funcionário. Prefiro ficar sem a vergonha do que sem as calcinhas.
– Só isso? – disse ele. – Só isso, você levaria?
Ela pensou um pouco:
– Não. Você tem razão, estas coisas são importantes, mas não suficientes. Eu pegaria meus documentos: a identidade, a carteira de trabalho… pegaria também a única joia que tenho, aquele colar que mamãe me deixou. Seria o caso de apanhar alguma grana, claro, mas dinheiro você sabe que eu não tenho, mesmo porque estou desempregada.
Ele ficou algum tempo em silêncio, e aí voltou à carga. E desta vez sua voz soava estranha, hostil mesmo:
– É isso, então? É isso que você levaria, se a sua casa estivesse a ponto de desabar?
Ela se deu conta de que alguma coisa estava incomodando o namorado, alguma coisa séria. Já pressentindo um bate-boca, perguntou em que, afinal, ele estava pensando. O que ela deveria ter mencionado, que não mencionara? O que havia esquecido?
– As cartas -disse ele, e a irritação agora transparecia em seu tom de voz. As cartas de amor que lhe escrevi.
Ela deu-se conta do erro que cometera: de fato, as cartas eram muito importantes para ele, sempre falava nelas. Mas também ela agora estava irritada, e disposta a partir para o confronto.
– Verdade, esqueci as cartas. Mas tenho de lhe dizer uma coisa: não sei onde estão essas cartas, simplesmente não sei. Você me conhece, sabe que sou desorganizada.
Em dois minutos, não encontraria carta alguma. Provavelmente a casa desabaria, e eu morreria procurando. Você não havia de querer isso, certo? Você não quereria que eu morresse procurando essas suas cartas.
Ele agora estava pálido, pálido de ódio.
– Vou lhe dizer uma coisa -falou, por fim. -Se você não encontra minhas cartas, a razão é muito simples: você não me ama mais. E se você não me ama, a mim pouco importa o que iria lhe acontecer.
Levantou-se, e foi embora. Ela ficou pensando: há muitas crateras na vida, mas poucas são tão profundas quanto aquela em que o amor cai, quando desaba. Era isso que ela precisava dizer ao namorado. E decidiu que, naquele dia mesmo, lhe escreveria uma carta dizendo que, apesar das tragédias, a vida continua, e que, mesmo no fundo das crateras da vida, sempre resta uma esperança.
MOACYR SCLIAR – Folha de São Paulo
Atividades
1. O texto “Sobre Cartas e Crateras” apresenta uma situação que aborda as escolhas e prioridades das pessoas diante de uma situação de emergência. Que situação é retratada pelo texto para gerar essa discussão?
2. Qual é a finalidade principal do texto “Sobre Cartas e Crateras”?
a) Destacar a importância da comunicação interpessoal em um relacionamento.
b) Explorar a relevância das cartas de amor em um relacionamento.
c) Refletir sobre as prioridades das pessoas em situações de emergência.
d) Transmitir a ideia de que a esperança pode ser encontrada mesmo nas dificuldades da vida.
3. O texto “Sobre Cartas e Crateras” é uma crônica, especificamente, crônica-diálogo, já que se aproxima muito das conversas espontâneas do dia a dia. Sendo assim, são encontradas nesse texto outras características muito comuns desse gênero, EXCETO
a) linguagem simples e descontraída.
b) poucos personagens envolvidos.
c) estruturas textuais informativas.
d) tempo cronológico determinado.
4. Qual o tipo de discurso predominantemente empregado nas falas dos personagens nessa crônica (direto, indireto ou indireto livre)?
5. Qual é o tema central do texto?
a) A importância das cartas de amor em um relacionamento.
b) A necessidade de priorizar a vida em situações de emergência.
c) A importância da comunicação interpessoal em um relacionamento.
d) A existência de boas expectativas em meio às aflições.
6. O que a personagem decide levar quando questionada pelo namorado?
7. Como a personagem justifica sua falta de preocupação com as cartas?
8. Releia os trechos abaixo e depois responda:
Trecho 1:
“Eu pegaria meus documentos: a identidade, a carteira de trabalho…”
Trecho 2:
“E calcinha: eu não teria vergonha do funcionário.”
Os empregos dos dois pontos nos trechos acima servem, respectivamente, para
a) indicar a fala do personagem e apresentar uma enumeração.
b) realizar uma explicação e marcar um aposto enumerativo.
c) fazer um esclarecimento e delimitar um vocativo na oração.
d) apresentar uma citação e indicar a falar de um personagem.
9. De onde partiu o tema da discussão realizada pelo casal de namorados?
10. Há uma opinião em:
a) “As cartas – disse ele, e a irritação agora transparecia em seu tom de voz.”
b) “A vida é sempre o valor maior e sua manutenção, motivo de alívio.”
c) “Ela se deu conta de que alguma coisa estava incomodando o namorado…”
d) “Ele ficou algum tempo em silêncio, e aí voltou à carga.”
11. Intencionalmente feito pelo autor do texto Moacyr Scliar, o que surpreende o leitor nessa crônica?
12. Nessa crônica, NÃO está presente
a) o conflito de perspectivas e expectativas.
b) a reflexão sobre o valor emocional de cartas.
c) o desejo de vingança sobre uma atitude pessoal.
d) a comunicação e compreensão interpessoal.
13. A alternativa cuja expressão destacada do trecho está corretamente indicada pelo seu sentido nos parênteses está em:
a) “… abandonar sua casa às pressas.” (Modo)
b) “… mas fiquei com vergonha…” (Adição)
c) “Já pressentindo um bate-boca…” (Intensidade)
d) “… duas calças jeans e uma blusa…” (Concessão)
14. Localize no texto a que ou a quem as palavras grifadas estão se referindo.
a) “… mas dinheiro você sabe que eu não tenho…”
b) “… da Defesa Civil que me acompanhava.”
c) “… sempre falava nelas.”
d) “Era isso que ela precisava…”
15. Escreva uma palavra do texto que significa:
a) Contenda discursiva: _________________
b) Tom agressivo: ________________
c) Cobertura de cama: _____________
d) Buraco (sentido figurado) ____________
+ Conteúdos de Português para o 8° e 9° ano
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Por Maurício Araújo
Especialista em Língua Portuguesa, em Marketing e Mídias Digitais e em Gramática de Revisão Textual.
O conteúdo foi revisado e certificado pela equipe de Redação do Tudo Sala de Aula.